12 de jun. de 2011

Encontrado sempre no mesmo ponto, respondendo a acenos, a discretos e frios cumprimentos de quem ainda tem pena: "oi", "e aí, Gentinho", "hm...". Gentinho, pequeno em nome, maldito em vida, é gente pequena mesmo e ainda menino, abandonado por todos, lembrado quando está como obstáculo, bem no meio do caminho - mas longe de ser pedra Drummondiana, que não merece (não suporta) ter tanta (falsa) relevância.
Gentinho não sonha com quando crescer, que não tem perspectiva nem inspiração, mas não deixa de estar atento à vida, ou a sua morte próxima. Observa os homens, fugazes, que passam em passadas largas e ininterrompíveis por sua cabeça, não permitindo que reconheça cada rumo, sendo só via de quem está meramente de passagem. No que vê, em nada se percebe, estar ou não estar, ser ou não ser, sem questão alguma, é obsoleto. Os questionamentos não lhe servem, talvez nem os saiba fazer.
Existência é querer demais para o pequeno fodido menino, que não sonha, não come, não vive em vida. E como ambição não lhe cabe - tão gentinha -, retira-se como atravanco deixando o caminho livre da culpa pecaminosa de quem fazia que não via o indigno no canto, sem nada, sozinho.

10 de jun. de 2011

Tá quente no peito, tem ritmo no corpo. 
Seja maracatu, seja arritmia...
É turum tum tum que africano algum é capaz de reproduzir.
Não cale, coração. 

4 de jun. de 2011

Vou envolvê-lo em meus braços, aproximá-lo de meu colo quente, dispondo de uma canção de ninar para apaziguar todo e qualquer incômodo. Dê-me seus dissabores, que o azedo quer suavizar.
Assuma-se criança outra vez, para lamentar a dor sem resistência, livrando-se quase que instantaneamente dos monstros debaixo da sua cama com apenas o meu abraço e cheiro.
Queira-me para consolo, quero ser o seu conforto.