25 de abr. de 2011

"eu que aprenda a levitar"

Cai o mundo lá fora! E como eu queria estar envolvida nisso tudo: na chuva, no vento, na lua minguando, até nas trovoadas...
Cai tudo! As árvores inquietas aceleram as minhas próprias batidas cardíacas, uma pulsão avassaladora e revigorante: estou viva, e isso vem como certeza inédita.
Num impulso destemido, estou debaixo d'água sentindo gota a gota delicada tocando cada extremo no meu corpo, agora frio.
Refrescada, limpa, lavada...

Eu estou aqui inteira, levitando, enquanto o meu mundo cai.









* o título é uma citação à música "se meu mundo cair" de José Miguel Wisnik, fazendo com que o texto, automaticamente, dialogue com a bela canção.

21 de abr. de 2011

de mansidão à sua volta

Uma imensidão de mansidão me fez calar por instantes, por longo intervalo - diria. Agora chega. Não tem mais mansidão, pelo menos não em tal dimensão: calmaria, que nada, tormento mesmo. Tormento do brabo, que você tenta afastar, acredita em conseguir; mas em relutância maior, todo o desfeito está refeito.
Por ora, é tumulto tranquilo, que só serve para lembrá-lo de que o coração existe e ele ainda quer bater.
E você deixa? Você deixa, por ora. Afinal, em ser efêmero (em tudo), ele é mestre.

Falta sonolento acalanto, tem a brandura do não haver mais nada, voltando, pois, à mansidão silenciadora.
Enfim, mais uma vez, eu me calo.

3 de abr. de 2011

A alma pede descanso.
Por tantos outros instantes também declarei o coração pedir sossego...
A tranquilidade é pertinente, é bem-vinda!
Seja na alma, no dorso do corpo
- afinal, carregar o mundo nas costas é bobeira.
A alma pede descanso
e nem ousa se submeter a qualquer tumulto
É calmaria de dia chuvoso de domingo (apropriado),
são versos irregulares e despreocupados
é o ritmo das ondas e o barulho nas conchas
é a brisa incerta, vento leve de limpar a alma.
Afinal, ela cansa.